quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Preguiça

para ler ouvindo: Zé Ramalho Chão de Giz

Da série "Capitais dos pecados capitais" vou começar falando de .. Preguiça!

Por que será né? desde outubro sem dar as caras por aqui, acho que esse seria o tema mais propício para essa retomada em janeiro, férias.
Minha capital da Preguiça, como mencionei no post introdutório, foi São Tomé das Letras. Das cidades mencionadas, o critério não era conhecer todas, mas esta é uma das que eu tive o prazer de visitar.
Em 2001, meados de setembro. Isso é, já faz mais de 10 anos. Me pergunto ainda como o tempo é capaz de passar tão rápido... Então o que escrevo aqui, além de ser minha visão bem particular do local, ainda tem o agravante de ter se passado 10 anos. O que para uma cidade como São Paulo pode não ser nada, mas para uma cidade de menos de 50 mil habitantes, pode implicar em grandes mudanças. Mas, assumindo que a vida é bela e o que é bom permanece, vamos viajar um pouco por ali novamente ;)
São Tomé é uma cidade como o padroeiro ja reza a lenda "tem que ver para crer"!
Apesar de toda a aura bicho-grilo que cerca o imaginário popular (e de fato existe no local), a cidade não apresenta índices de violência visível, os moradores, mesmo os "burgueses"(no sentido de comerciantes) são gentis e não parecem incomodados com o que se fala da cidade.
Ruas pacatas, em paralelepípedos, cachoeiras a alguma distância a pé ou de carro, uma ladeira onde o carro sobe sozinho (??) e uma pirâmide no alto da cidade, energizando o que está embaixo, e aparentemente tentando se comunicar com o que está acima.
"piramide"

Alguns que visitam são místicos, e estão com a sensibilidade a flor da pele e em contato com o "inexplicável" quase que em modo default. E falam que o local tem uma espiritualidade ímpar.
Alguns que visitam estão a fim de curtir seus cigarros quão alternativo sejam sem ser importunados, e por conseqüência dos mesmos.. afirmam que o local tem uma espiritualidade ímpar.
Eu estive lá, não pertencendo a nenhum dos dois grupos. Minha religiosidade é bastante limitada, bem como minha disposição a crer, já faz alguns anos. E meus cigarros "alternativos".. bem,  o fato é que não esta de posse de nenhum e sequer busquei.
Ainda assim, só posso sumarizar esta cidade como "um local que tem uma espiritualidade ímpar".





Sem muita explicação ou muito detalhe, se sente uma paz na cidade como um todo. aquele sol quente mineiro e aquela paisagem semi-árida. Com os tons arenosos das pedras que tem em todo lugar pela cidade.
Avançando um pouco em direção contrária ao centro da cidade, se depara com algumas cachoeiras, e o cenário muda completamente, para um rico verde e azul, das árvores, das águas e dos pássaros que habitam a região. É difícil traduzir em palavras o que se sente num local tão rico em natureza e paz. A vontade de não fazer nada predomina. Mas, se você for minimamente iniciado, mais do que não fazer nada, a cidade é um convite a meditação.
Igreja de pedra

Não se vai para ostentar, nem para ver e ser visto... Se vai para encontrar a si próprio e lembrar que a vida nos presenteia não apenas com lindas praias, e o dinheiro com muito conforto. Mas que a vida nos presenteia com refúgios como esse, onde é possível se sentir só mais uma pessoa. Uma pessoa comum, de bem e felizmente, de posse de todos os sentidos. Para ver aquelas cores, respirar aquele ar fresco, tocar aquelas pedras, ouvir a água da cachoeira correndo .... e no fim da tarde, ter no paladar aquele pão de queijo típico mineiro!

Sugestão, dispa-se de seus preconceitos, escolha um fim de semana que não seja de feriado ou de grandes movimentações estudantis, e vai lá. Vai ver a natureza com seus próprios olhos, a preço justo de comida e hospedagem, e cercada por gente de verdade, do mundo real. Sem malandragem e sem afetação. Só pessoas, como todos nós devíamos ser.

Ah! e a parte da preguiça, bem.. não é preguiça, é relaxamento :p

Feliz 2012!